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A Bethesda como Cavalo de Troia da Microsoft?

Pode ser uma forma de incentivar a Sony a colocar o Game Pass na PlayStation.

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A Bethesda como Cavalo de Troia da Microsoft?

A aquisição da Zenimax - e consequentemente da Bethesda - por parte da Microsoft foi um dos negócios mais incríveis dos últimos anos na indústria de videojogos. De uma assentada a Microsoft garantiu todas as licenças, estúdios, e tecnologias da Bethesda, reforçando consideravelmente o portfólio do universo Xbox. Estamos a falar de jogos como Doom, The Elder Scrolls, Wolfenstein, Fallout, Starfield, Prey, The Evil Within, e Dishonored, produzidos por estúdios onde se incluem Bethesda Softworks, Arkane, id Software, Machine Games, Tango Gameworks, e Zenimax Online.

Se isto garante à Microsoft e aos jogadores de Xbox (e Windows 10) acesso a um grande número de jogos promissores, por outro lado pode vir a privar os jogadores de PlayStation e de Nintendo desses mesmos jogos. A Microsoft tem circulado o tópico da exclusividade dos títulos Bethesda com pezinhos de veludo, mas no evento de apresentação da Bethesda há uma semana, Phil Spencer deixou algo muito claro: "a aquisição da Bethesda é para entregar excelentes exclusivos onde existe o Game Pass".

Não deixa de ser curiosa a forma como o líder da Xbox se expressou em relação a este assunto, porque optou por mencionar o Game Pass em vez da consola ou do Windows 10. "Onde existe o Game Pass". Neste momento, isso implica Xbox One, Xbox Series X|S, Windows 10, e Xbox Cloud Gaming (disponível para Android e em breve no PC e dispositivos iOS).

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Mas e se a vontade da Microsoft passar por colocar o Game Pass noutros sistemas, como as consolas PlayStation e Nintendo? Será que os jogos da Bethesda seriam suficientes para convencerem Nintendo - mas sobretudo Sony - a ceder? É que parece claro que o grande negócio da divisão Xbox neste momento é o Game Pass, não tanto as consolas em si, e quantos mais jogadores alcançar, melhor.

Durante uma conversa com o Gamereactor em 2020 (que pode ler na íntegra aqui), Phil Spencer mostrou-se aberto à possibilidade de lançar o Game Pass nas consolas PlayStation e Nintendo, embora existam muitas barreiras para quebrar antes que isso possa acontecer. A que nos parece mais relevante é que, pelo que Phil Spencer tem dito até ao momento, o Game Pass não pode ser apenas uma biblioteca de jogos - tem de ser a experiência completa Xbox, que inclui ligação direta ao Xbox Live, aos Achievements, e ao Xbox Cloud Gaming.

Não será fácil quebrar essas e outras barreiras, mas os jogos da Bethesda podem servir como uma espécie de Cavalo de Tróia para a Microsoft, uma forma de entrar nessas plataformas. Para Sony e Nintendo receberem os jogos Bethesda (e potencialmente outros exclusivos Microsoft) teriam de aceitar a implementação do Game Pass nos seus ecossistemas, com tudo o que isso implica.

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Doom Eternal, Dishonored 2, e The Elder Scrolls V: Skyrim são alguns dos muitos jogos Bethesda no Game Pass.
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Isto aumentaria consideravelmente o número de jogadores a que o Game Pass poderia chegar, mas também podia ser positivo para Sony e Nintendo, e em particular para os seus jogadores. É que neste momento não existe melhor 'negócio' no mercado para os jogadores do que o Game Pass. Por € 9,99 por mês é possível aceder a uma biblioteca estupenda de videojogos, que inclui quase todos os jogos da Bethesda, todos os exclusivos Xbox, e até vários lançamentos recentes. Ainda agora anunciaram a introdução de Outriders, que é um dos grandes lançamentos de abril, logo a partir do dia de lançamento. E por € 14,99 ainda se tem acesso ao Game Pass Ultimate, que dá acesso às vantagens do Xbox Live Gold e ao EA Play da Electronic Arts.

É inquestionável o grande valor do Game Pass, que ofusca por completo a proposta da Sony, o PS Now. Não que o PS Now seja um mau serviço - longe disso -, e se existisse sozinho no universo, seria fantástico. A questão é que não existe sozinho, e comparado com o Game Pass, acaba por ficar muito aquém. Jim Ryan, da Sony, já falou deste tópico em algumas ocasiões, referindo que mudar o PS Now para ser idêntico ao Game Pass não é algo que estejam dispostos a fazer, em particular para passar a incluir exclusivos Sony no dia de lançamento.

Ora, se não é prático transformar o PS Now no Game Pass, porque não abrir as portas à Microsoft e ao Game Pass. Parece-nos que todos ficaríamos a ganhar - Microsoft porque chegaria a mais jogadores, Sony porque resolvia o "problema" do Game Pass e da Bethesda, e os jogadores, que teriam acesso a um excelente serviço e a mais jogos.

Vamos esperar para ver como tudo se irá desenrola, mas estamos mais convencidos que nunca que sistemas e ecossistemas completamente fechados é algo que eventualmente acabará por mudar, e a Bethesda pode vir a desempenhar um papel fundamental nesse futuro.

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The Elder Scrolls VI, Starfield, e o novo Indiana Jones são alguns dos jogos que a Bethesda está a desenvolver.


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