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Titanfall 2

A Queda dos Titãs

O que levou ao fracasso comercial de Titanfall 2?

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De certeza que alguém, algures nas entranhas dos escritórios principais da Electronic Arts, está a amaldiçoar a hora em que decidiu lançar Titanfall 2 ensanduichado entre Battlefield 1 e Call of Duty: Infinite Warfare. Battlefield 1 chegou a 21 de outubro, CoD a 4 de novembro, e Titanfall 2 bem no meio, a 28 de outubro. É algo como uma pequena tragédia, porque Titanfall 2 é um excelente jogo (alguns dirão que é o melhor dos três), mas as vendas estão muito aquém do esperado para um jogo desta qualidade e destes níveis de produção.

Por exemplo, olhemos para o TOP 10 mais vendido do Reino Unido da terceira semana de janeiro 2017:

1. Grand Theft Auto V / Rockstar
2. FIFA 17 / EA Sports
3. Call of Duty: Infinite Warfare / Activision
4. Battlefield 1 / EA Games
5. Watch Dogs 2 / Ubisoft
6. Rocket League / 505 Games
7. Steep / Ubisoft
8. Forza Horizon 3 / Microsoft
9. Mafia III / 2K Games
10. Overwatch / Blizzard

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Call of Duty: Infinite Warfare ocupa a terceira posição, seguido de Battlefield 1 na quarta posição. E Titanfall 2? Nem aparece no Top 10.

2016 foi um ano fantástico para quem aprecia o género de ação na primeira pessoa. Call of Duty: Infinite Warfare levou-nos para o espaço como nenhum outro jogo da saga, enquanto que Battlefield 1 viajou para o passado, mais precisamente para a Primeira Guerra Mundial. Antes disso, Doom, Overwatch, Dishonored 2, Deus Ex: Mankind Divided, Killing Flor 2, e Superhot, ofereceram muitas outras alternativas entre o género. Quanto a Titanfall 2? Manteve a qualidade do multijogador que já tinha mostrado no antecessor, e acrescentou-lhe uma campanha de estória com grande qualidade. Foi um ano em cheio, e nem estamos a considerar as remasterizações de alguns clássicos do género.

Os esforços da Respawn devem ser louvados, porque conseguiram construir em cima da base de Titanfall para formarem uma sequela soberba. Este é apenas o segundo jogo da Respawn, mas os indivíduos que lá trabalham são tudo menos inexperientes. Muitos trabalharam para Call of Duty e outros clássicos, antes de abandonarem a Activision e formarem o seu próprio estúdio, entretanto adquirido pela Electronic Arts.

Titanfall atraiu de imediato atenções quando foi apresentado em exclusivo para PC e Xbox One, e terá sido um dos maiores trunfos da Microsoft no primeiro ano de vida da consola. Enquanto que a campanha de estória de Titanfall acabou por desiludir, o aspeto multijogador deslumbrou os fãs do género. A jogabilidade de ação na primeira pessoa era fantástica, e a agilidade das personagens (que até podem correr pelas paredes) ofereceu uma velocidade extra às partidas online. Mas a grande estrela de Titanfall foram os Titãs, bestas metálicas massivas que caem do céu e que podem ser comandadas pelos jogadores. Tudo isto formou uma experiência online que agarrou a comunidade durante meses a fio.

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É irónico portanto que este estúdio jovem, mas experiente, tenha acabado por ser esmagado pelo peso de dois titãs - não os do jogo, mas os do mercado. Não sabemos se terá sido confiança a mais, desleixo, ou outro motivo qualquer, mas Titanfall 2 nunca deveria ter sido colocado na mira de CoD e Battlefield. Com a qualidade que o jogo apresenta, poderia ter sobrevivo a qualquer data de lançamento fora do mercado natalício, até porque o antecessor foi lançado em março e as vendas correram bem.

O facto de tanto Battlefield 1, como Titanfall 2, pertencerem ambos à Electronic Arts, parece-nos uma falha de visão e planeamento tremenda. Não percebemos porque a EA decidiu canibalizar os dois jogos, embora Titanfall 2 tenha sofrido muito mais com a decisão do que o jogo da DICE. Talvez o adiamento de Titanfall 2 para o primeiro trimestre de 2017 tivesse sido a decisão mais acertada. Temos consciência de que atrasar o lançamento de um jogo tem custos consideráveis, mas um resultado mais impactante no mercado talvez tivesse compensado os meses de espera.

Esses meses extra também poderiam ter sido aproveitados para reforçar o jogo, que embora tenha mostrado grande qualidade no lançamento, teria beneficiado de mais meses de produção. Pouco tempo antes do lançamento tivemos a oportunidade de conversar com Mackey McCandlish, o Designer Principal da campanha a solo. Embora excelente, a campanha de Titanfall 2 é curta, e existem várias funções extra que a Respawn poderia ter acrescentado para aumentar a sua longevidade e valor de repetição (como tabelas de pontuação, ou New Game+). McCandlish respondeu-nos que mal tiveram tempo para terminar a sequência de créditos que aparece no fim da campanha, deixando no ar a sensação de que teriam feito mais se tivessem tido mais tempo. Mais um motivo para o jogo ter sido adiado até ao início de 2017.

Outro factor determinante pode estar simplesmente relacionado com o orçamento dos jogadores. A carteira não dá para tudo, e muitos jogadores terão adquirido a edição especial de Call of Duty: Infinite Warfare, que também inclui a versão remasterizada de Call of Duty: Modern Warfare, um dos mais populares jogos de ação na primeira pessoa. Esse dado aumentou ainda mais a oferta em termos de opções para os jogadores, enquanto que ao mesmo tempo custou-lhes ainda mais dinheiro que o normal. Com uma única edição especial, Call of Duty: Infinite Warfare terá roubado espaço e dinheiro a Titanfall 2.

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Por fim, existe o factor sequela. Em PC e Xbox One, muitos jogadores podem ter temido que a campanha de Titanfall 2 seguisse o caminho do antecessor, que era praticamente inexistente. Quanto aos jogadores de PS4, podem ter olhado para Titanfall 2 como a sequela de um jogo a que nunca tiveram acesso, e que talvez fosse melhor deixar passar em detrimento de algo mais seguro e familiar como Call of Duty e Battlefield.

Conhecer todos estes factores causa alguma frustração considerando a qualidade do jogo, mas ninguém estará mais frustrado com o resultado do que a Respawn. Não sabemos se terá sido assim, mas se a decisão de lançar o jogo naquele momento foi da Electronic Arts, é certo que alguns dos membros da Respawn não estarão contentes com a decisão da editora.

Apesar das vendas desapontantes de Titanfall 2, acreditamos que este não será o final da Respawn ou da saga. A qualidade que o estúdio mostrou em apenas dois jogos assegura o seu futuro, e Titanfall tem todos os argumentos necessários para ganhar o seu espaço na indústria. Será, contudo, obrigatória outra atenção e cuidado por parte da Electronic Arts. Com tempo e um planeamento adequado, acreditamos que Titanfall 3 tem o potencial para agarrar em definitivo os fãs do género, e ocupar de vez o lugar dos jogos de ação na primeira pessoa com queda para a ficção científica.

Se ainda não o fizeram, podem ler a nossa análise a Titanfall 2 aqui.

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