Ao longo dos últimos meses analisámos (sem classificação) todos os episódios de Life is Strange. Agora, terminado o último capítulo e a história, estamos finalmente preparamos para analisar o pacote completo de Life of Strange, o jogo de aventura da Dontnod, produtora de Remember Me.
Life is Strange conta a saga de Max Caulfield, uma estudante de fotografia na Blackwell Academy. Max nasceu em Arcadia Bay, para onde regressou depois de ter vivido cinco anos em Seattle. Ao regressar, reencontrou a sua melhor amiga, Chloe, que já não é exatamente a mesma pessoa que tinha deixado para trás. Juntas vão tentar resolver o mistério do desaparecimento de Rachel Amber, uma rapariga que parece ter uma ligação direta ou indireta com todos os habitantes na cidade (imaginem Laura Palmer em Twin Peaks). Rachel tornou-se ao longo dos últimos anos na melhor amiga de Chloe, depois de Max se ter mudado para Seattle.
Quando o jogo começa, Max descobre que tem a capacidade para mudar e deturpar a linha temporal, uma habilidade que se torna central para o desenrolar da aventura. Tanto as habilidades de Max, como o próprio mistério do desaparecimento de Rachel, acabam por ser tópicos secundários para a história, que é sobretudo sobre amizade e o crescimento para fase adulta. Isso também implica que vão conhecer muitas personagens secundárias importantes, além das primárias Max e Chloe. São personagens com impacto real, e a forma como as vão tratar pode mudar radicalmente o que acontece ao longo do jogo.
Cada episódio dura entre duas a três horas de jogo, e durante a aventura vão presenciar muitas surpresas e viragens na história. Este é o tipo de experiência que vive sobretudo da narrativa, e não tanto da jogabilidade em si. Existem alguns puzzles leves para resolver, além de terem acesso à habilidade de Max de manipular o tempo para mudarem decisões da história. Ao início pode parecer quase uma batota, para corrigirem potenciais erros, mas acaba por ser uma mecânica extremamente interessante e central para a narrativa.
Embora a capacidade de Max para manipular o tempo através de fotografias e alterar eventos seja algo sempre presente na história, é só no quinto capítulo que os elementos sobrenaturais de Life is Strange ganham real poder. Mesmo quando isso acontece, o jogo nunca perde o foco da relação entre Max e Chloe. Não podemos entrar em pormenores, mas existiram momentos que nos emocionaram genuinamente.
A Dontnod conseguiu criar uma experiência peculiar no mundo dos videojogos. É uma viagem memorável que transmite o dia-a-dia de uma jovem rapariga, enquanto também inclui elementos sobrenaturais, conspirações, mistérios e muito drama. Criar este tipo de experiências narrativas pode por vezes levantar um problema de ritmo, e Life is Strange não é totalmente imune a isso. Não é tão evidente como noutros jogos, e não existe assim tanto conteúdo "para encher chouriço", mas vão encontrar alguns momentos mortos.
Os departamentos audio e visual também tem de ser mencionados. O elemento sonoro é fantástico, não apenas em termos da banda sonora, mas da forma como a usam. É um misto de Indie Pop perfeito para o estilo do jogo, e que parece exatamente o tipo de música que a Max gostaria de ouvir. Alguns momentos mais longos, como uma viagem de autocarro, podiam ter sido muito aborrecidos, não fosse a forma como usaram a música e o som. Em vez de aborrecer, tornou-se num momento perfeito para o jogador arrumar os seus pensamentos, ao mesmo tempo que Max. Infelizmente não podemos elogiar o departamento gráfico da mesma forma. A atenção ao detalhe é fantástica, e o posicionamento da câmara é praticamente perfeito, mas alguns modelos 3D e texturas estão muito abaixo do que já vimos noutros jogos.
Ao longo dos últimos nove meses adorámos conhecer a vida de Max e Chloe. O jogo conseguiu captar a nossa atenção e construiu a tensão de forma brilhante, até chegar a uma conclusão que nos deixou com lágrimas nos olhos. Se apreciam este tipo de experiências narrativas, têm de jogar Life is Strange.