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Inside

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Os criadores de Limbo voltaram a encantar-nos.

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Tudo começa com uma fuga. Um rapaz começa a deslizar através de um enorme declive, e por pouco não é apanhado por um dos muitos holofotes. O cenário é sombrio, assustador, de um futuro que não queremos conhecer na realidade. Soltaram os cães, cujo latido agressivo pode ser ouvido a grande distância, e enviaram homens mascarados para procurarem pelo rapaz em cada canto. Ao mesmo tempo, grandes números de prisioneiros são transportados para camiões, que os vão levar para um local muito longínquo.

É assim que começa Inside, o novo jogo da Playdead - criadores de Limbo. É um jogo subtil, mas sombrio, passado num mundo opressivo de onde vão tentar escapar ao controlo de uma criança. Tudo o que podem fazer é correr, saltar, e procurar abrigo, e isso terá de ser suficiente para sobreviverem à escuridão. Inside tem muitas semelhanças com Limbo, tantas que por vezes parece uma sequela direta. Ambos são aventuras com mecânicas de plataformas, onde têm de resolver puzzles ocasionais enquanto atravessam cenários estilizados com jogo de luz e sombras. A narrativa em si é muito subtil, sem qualquer exposição real, e muito fica para ser interpretado pelo jogador.

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Há que elogiar a atmosfera que transpira de Inside, que mesmo com toda a subtileza que já referimos, conseguir transmitir emoção ao jogador - e sem nunca ouvirmos o protagonista. Não existe exposição desnecessária nem ruído, e ao não entregar todas as respostas, mantém o suspense que funciona como o combustível para o jogador.

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Se são fãs do estilo artístico de Limbo, vão adorar Inside. A Playdead tem alguns artistas realmente talentosos, que conseguiram criar um design sublime através de métodos simplistas e uma palete de cores muito limitada. Como Limbo, Inside usa e abusa do contraste entre luz e sombra, o que causa um efeito que se assemelha ao de uma silhueta, ou de um quadro artístico. É um mundo sinistro, mas que implora para ser admirado vezes sem conta. O estilo visual de Inside é o que permite ao jogo funcionar, e é o que lhe dá toda a alma, alimentada por um design retro das máquinas e os restos de uma civilização em ruínas.

Tal como Limbo, Inside não inclui qualquer diálogo. Mesmo os efeitos sonoros e as músicas são escassas e subtis. É o exemplo perfeito de que, por vezes, menos pode ser mesmo mais. O som dos passos nos salões industriais, ou das gotas da chuva a baterem em chapa arruinada, podem passar despercebidos em muitos jogos, mas quando aqui é tudo o que ouvem, acabam por ter um impacto esmagador. Já a música tenta acompanhar as ações do jogador com melodias electrónicas, mas passa quase sempre despercebida. O departamento sonoro da Playdead sabe exatamente quando é preciso uma música para aumentar a intensidade de uma cena, ou o silêncio para deixar que seja o cenário a falar por si. Tudo isto acrescenta para uma experiência que, acima de tudo, transmite solidão.

Inside é uma experiência peculiar, enriquecida pelos ingredientes requintados que já mencionámos, e que combinam para formar um todo harmonioso. A jogabilidade, como não poderia deixar de ser, também tem a sua importância em toda a experiência. Além de sequências de plataformas, também vão encontrar puzzles para resolver, e alguns itens para aproveitar. Até existe um estranho capacete que permite assumir o controlo de criaturas com poder cerebral reduzido. Enquanto 'jogo' propriamente dito, Inside é bastante simplista, mas não é limitado. À semelhança de outros jogos de destaque, como Journey e Monument Valley, não é a dificuldade dos puzzles, ou o grau de dificuldade que vai ditar o sucesso da experiência. Inside é um jogo que agarra o jogador logo a partir dos primeiros minutos, e só o larga várias horas depois de terem visto os créditos finais.

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Embora em grande parte as comparações com Limbo sejam positivas, por vezes o jogo pode parecer excessivamente familiar. Inside é mais ambicioso e parece maior, mais amplo, quase como uma extensão natural do seu antecessor, mas também se repete. As animações e a jogabilidade pareceram-nos demasiado parecidas com as de Limbo, tal como a estrutura, o design dos puzzles, e toda a linha narrativa. Não é uma queixa real, mas parece-nos uma abordagem muito confortável da Playdead, quando também gostaríamos de ver a produtora sair um pouco da sua zona de conforto.

Nada disto retira magia ou qualidade a Inside, porque na realidade é um pérola para a Xbox One. A Playdead voltou a provar que é uma das melhores produtoras independentes (mesmo que aqui tenha tido o apoio da Microsoft), capaz de criar experiências especiais. Inside é algo de único, no plano geral dos videojogos, mesmo que a comparação com Limbo o torne um pouco menos... peculiar, embora superior em todos os aspetos.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Atmosfera soberba. Design muito sólido de puzzles. Estilo visual é fantástico. Transmite grande sensação de solidão.
-
Talvez seja demasiado parecido com Limbo.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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