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Bioshock Infinite

Bioshock Infinite: Burial at Sea - Episode 2

Com o enterro anunciado da Irrational, será este segundo capítulo de Burial at Sea a despedida que Bioshock merece?

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Atenção, se ainda não jogaram o primeiro episódio de Burial at Sea e querem evitar spoilers, leiam antes esta análise, à primeira parte de Burial at Sea. Está feito o aviso!

Ken Levine já anunciou que a Irrational Games vai fechar portas, por isso, este é à partida o último contributo da produtora para Bioshock Infinite. Felizmente, é uma despedida meritosa. Ou pelo menos, em parte. Quem jogou o primeiro capítulo de Burial at Sea lembra-se certamente do final trágico de uma das personagens principais, numa reviravolta impressionante da história. É por isso provável que arranquem este segundo episódio com curiosidade para saber de imediato o que vai acontecer, mas não é isso que vão encontrar. Em vez disso, vão deparar-se com Elizabeth a tomar café em Paris. Um reencontro inesperado, com a agora personagem jogável.

Temos de ter cuidado para não revelar demasiado, mas basta dizer que vão encontrar também alguns velhos conhecidos quando a ação passar de Paris de volta a Rapture, que agora já não beneficia do fator novidade. Ao contrário do que aconteceu na primeira parte de Burial at Sea, o entusiasmo de revisitar a cidade do Bioshock original esfriou consideravelmente.

Verdade seja dita, em parte isso deve-se ao motor gráfico, que começa a mostrar a sua idade. Esta versão altamente alterada do Unreal Engine há muito que deixou de impressionar, mas agora, numa altura em que as novas consolas e o PC mostram muito mais neste departamento, isso torna-se ainda mais evidente. Felizmente, a qualidade técnica datada do motor é compensada pela fantástica direção artística.

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Como já referimos, pela primeira vez vão assumir o papel de Elizabeth, que dispõe de alguns truques e mecânicas originais, incluindo uma predisposição mais furtiva. Bem perto do início vão apanhar um Plasmid que permite ver onde estão os inimigos, mesmo através das paredes, e uma besta que permite eliminar oponentes silenciosamente. Esta atitude furtiva obriga a cuidados redobrados, como evitar andar em cima de água ou vidros partidos para não fazer barulho, motivando uma nova forma de jogar Bioshock. É uma mudança bem-vinda, na nossa opinião, mas lamentamos o facto da Irrational não ter tido tempo de maximizar a nova mecânica, já que a aventura dura apenas três horas. Além disso, eventualmente o foco direciona-se novamente para a ação, com armas e Plasmids mais ofensivos.

Mas enquanto dura, é um novo tipo de Bioshock, um Bioshock onde podem utilizar condutas de ar para alcançar inimigos por trás e usar o cenário para ziguezaguear entre os oponentes distraídos, para depois eliminá-los sem ninguém dar por isso. Mas isto só dura uma hora. Depois disso a ação regressa ao normal e começa a tornar-se repetitiva. Os diálogos constantes também acabam por afetar seriamente o ritmo do jogo. Ken Levine tem muita história para contar, mas tem pouco tempo para o fazer. Burial at Sea parece-nos escasso para fazer justiça às intenções do produtor.

A história é fascinante, mas é quase que enfiada pela garganta abaixo do jogador. A narrativa de Burial at Sea merecia algo mais trabalhado, mais ponderando e melhor distribuído ao longo do tempo, porque na verdade é um dos melhores argumentos que já vimos num videojogo. Parece ter sido tão meticulosamente pensado e trabalhado, que de certas formas está milhas à frente da maioria dos outros jogos.

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É difícil classificar Burial at Sea. Por um lado temos um jogo que em termos gráficos já demonstra bem a sua idade, além de incluir os momentos de ação mais fracos da série Bioshock. Ao mesmo tempo, o jogo bombardeia-nos com surpresas e tem muitas respostas interessantes sobre o universo de Bioshock. E isso, na nossa opinião, vale muito. Este é o final verdadeiro de toda a saga Bioshock, pelo menos como foi concebida por Ken Levine (a série até pode continuar, mas será com outra produtora).

Sinceramente, os dois episódios de Burial at Sea podiam ter sido esticados para um jogo inteiro, e isso só faria um favor à própria narrativa e aos jogadores. Mais tempo de produção, um motor gráfico reforçado, ação mais equilibrada, mais conteúdo e um ritmo mais coerente, podiam justificar perfeitamente o preço inteiro e pagaríamos de bom grado. Assim, acaba por ser uma despedida agridoce, embora ainda obrigatória para fãs de Bioshock.

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07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Argumento de qualidade. Liga todos os pontos com inteligência. Secções furtivas positivas. Direção artística impressionante.
-
Motor gráfico algo datado. Combate oscila em qualidade. Despeja demasiada história em pouco tempo.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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