O Super Meat Boy original, desenvolvido pela Team Meat, foi um dos primeiros grandes títulos indie a destacar-se de forma evidente. Uma combinação de humor sádico, jogabilidade apurada ao milímetro, plataformas extremamente exigentes, e reinícios instantâneos, resultaram num jogo que acabou por ser distinguido por críticos e jogadores. Existia por isso muita expetativa para a sequela, mas ela tardou... e tardou. Na verdade acabou por passar uma década entre o original e esta continuação, algo que teria sido mais tolerável se o jogo tivesse correspondido às expetativas. Infelizmente, não foi o caso.
Esta sequela segue os eventos do original, mostrando como Meat Boy e Bandage Girl começaram a formar família. O casal até tem uma criança, Nugget, que parece um pedaço de carne embrulhado num adorável fato de coelho cor-de-rosa. Uma vida feliz, portanto, até que o Dr. Fetus (que não é realmente um doutor) reaparece e rapta a pequena criança. Para salvar a criança, Meat Boy e Bandage Girl terão novamente de atravessar inúmeras armadilhas que são tão criativas quanto mortíferas.
A maior diferença entre o original e esta sequela é o facto de Super Meat Boy Forever ser um Auto-Runner, ou seja, a personagem está sempre a correr de forma automática. Pode saltar, escorregar, atacar, e saltar de parede em parede, mas a corrida automática acaba por tirar controlo ao jogador, e isso não nos agradou particularmente. Jogado apenas com dois botões, Super Meat Boy Forever foi claramente desenhado com as plataformas móveis em mente, e isso foi prejudicial para a experiência de jogo.
Existe outro elemento diferente, que é a geração automática de níveis. O jogo começa bastante fácil, mas os níveis são depois desenhados em termos de dificuldade de acordo com o desempenho anterior do jogador. Quanto melhor jogar, maiores serão os próximos desafios. É uma estrutura estranha, mas não é necessariamente negativa, porque mesmo com esta geração automática de níveis, é evidente a excelência do design da Team Meat. O jogo apresenta novos desafios com grande frequência, mantendo-se quase sempre imprevisível e surpreendente. O estilo visual é também soberbo e peculiar, sempre com um toque distinto de sadismo.
O jogo inclui também alguns inimigos, embora não apresentem o mesmo grau de dificuldade que o original. Aliás, os oponentes em Super Meat Boy Forever servem mais como uma ferramenta para o jogador alcançar outras plataformas ou ganhar impulso, do que reais obstáculos, e isso deve-se naturalmente à natureza de corrida automática, que obriga a movimento constante. A exceção são os bosses, que vão obrigar a maior atenção e a reações rápidas, já que não terá tempo para parar e avaliar a situação.
Para quem procurar desafios mais sérios e maior variedade, está também disponível o modo Dark World, além de várias personagens que podem ser desbloqueadas durante a jogabilidade. É uma adição necessária, até, considerando que a campanha é apenas composta por cinco mundos, cada um com sete níveis para completar. Ou seja, a campanha não é muito grande, embora seja inevitável que perca algum tempo em certos níveis.
Já referimos que Super Meaty Boy Forever tem um estilo visual bastante distinto, mas não se fica por aqui. A banda sonora, pesada, é também um encaixe perfeito para a jogabilidade, mantendo a adrenalina sempre alta. Forever tem um ritmo extremamente elevado, já que o jogador pode recomeçar a ação de forma instantânea assim que perde e a jogabilidade inclui corrida automática. A banda sonora é perfeita para reforçar esse ritmo.
Super Meat Boy Forever é um bom jogo de plataformas, mas não chega a alcançar o grau de genialidade do original. A opção por uma jogabilidade de corrida automática pode ter aumentado ligeiramente o ritmo da ação, mas tirou-lhe controlo, e embora o gerador automático de níveis seja muito positivo, não é bem o mesmo que ter níveis realmente desenhados de raiz. Ainda assim, se procura um bom desafio por € 15,99, vai encontrar bons motivos para desesperar e chorar de raiva e frustração em Super Meat Boy Forever, como se exige.