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Nobody Saves the World

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De rato a zombie, passando por mago e fantasma, pode ser de tudo um pouco no novo jogo dos criadores de Guacamelee.

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Depois de ter ganho nome com dois fantásticos jogos de ação e plataformas, na forma de Guacamelee, a Drinkbox Studios decidiu apresentar algo muito diferente com Nobody Saves the World. Em resumo trata-se de um RPG de ação com perspetiva de topo, em 2D, com exploração de masmorras. É um formato que já vimos em muitas ocasiões, mas que aqui surge com algumas ideias originais e interessantes - para quê escolher uma classe, quando pode ser todas elas?

Em Nobody Saves the World vai precisamente assumir o controlo de "Nobody", um ser com uma forma muito básica que não se lembra de quem é. Bastante cedo, contudo, encontra (rouba) uma varinha mágica, que lhe permite assumir uma série de formas. Inicialmente a única forma que consegue assumir é a de rato, mas com o passar do tempo pode desbloquear uma série de outras transformações, incluindo guerreiro, mago, fantasma, zombie, ovo, e até dragão.

Cada transformação tem os seus próprios atributos e habilidades, que permitem não só abordar o combate de várias maneiras, mas também a exploração do mundo. Por exemplo, o rato consegue entrar em espaços pequenos, o fantasma flutua por cima da água, e o cavalo galopa extremamente rápido. Quanto ao combate, o zombie consegue transformar inimigos noutros zombies, o rato envenena, e o guerreiro protege-se com um escudo.

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É um sistema altamente interessante e com grande potencial, permitindo abordar o combate de várias formas e com grande espírito de adaptação às situações de jogo. Melhor ainda, a certo ponto terá a possibilidade de acrescentar combinar habilidades de várias personagens numa só, e será possível criar sinergias muito vantajosas. Imagine por exemplo a arqueira, cujas flechas aplicam veneno, equipada com o passivo do rato que aumenta a velocidade a que o veneno é aplicado.

É uma abordagem altamente interessante da Drinkbox Studios, mas que infelizmente esbarra numa escolha de design de que não somos fãs.

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Nobody Saves the World tem dois sistemas de progresso diferentes, um para Nobody que diz respeito aos atributos base (poder de ataque, resistência, etc), e outro individual para cada transformação. Ao contrário do que é habitual, não irá ganhar experiência ao eliminar inimigos, mas a cumprir missões. Algumas missões são atribuídas por personagens, e dizem apenas respeito a Nobody, mas irá receber missões específicas para cada classe, como eliminar determinado número de inimigos com uma certa habilidade.

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Cada missão completa contribuiu para evoluir Nobody, mas para evoluir as transformações precisa de cumprir as suas missões específicas, e isto, na nossa opinião, levanta um problema. É que este sistema incentiva a estar sempre a mudar de transformação para cumprir as suas missões, e isso é essencial para ganhar novas habilidades e para desbloquear mais transformações. Preferíamos um sistema diferente, que nos motivasse a jogar com as nossas transformações favoritas e que já evoluímos, em vez de fazer exatamente o oposto. A exceção são as masmorras principais de história, onde as missões de transformações são desativadas. Só aqui é incentivado a usar as transformações de que mais gosta em vez das transformações que ainda não evoluiu.

Quanto à jogabilidade em si, é muito básica. O jogo utiliza um sistema de combate em tempo real, em que pode utilizar quatro habilidades de cada vez, além da capacidade para prender a mira da personagem numa direção específica, e também de alternar entre transformações num sistema de menu circular (gostaríamos que isto pausasse ou abrandasse a ação, mas não é o caso). Ou seja, não é um jogo com muitas ações ou combinações. pelo contrário, é bastante simples em termos de controlos. A profundidade chega antes do número de habilidades que pode combinar, que é, como já referimos, um dos melhores elementos do jogo.

Quanto ao mundo em si, é relativamente vasto, apresentando vários tipos de biomas ao jogador. Vai explorar vilas típicas de reinos de fantasia, áreas pantanosas, e até zonas desoladas por radiação, onde os habitantes têm vários braços e olhos (um deles tem cerca de 10 olhos, mas tão todos míopes). Este mundo segue um design fixo estabelecido pela Drinkbox Studios, mas as masmorras em si apresentam um design aleatório. Não é um jogo particularmente difícil, nem é um roguelike, mas convém realçar que nas masmorras só existe um checkpoint, mesmo antes do respetivo boss. Isto significa que se morrer antes desse checkpoint, terá de refazer toda a masmorra.

Nobody Saves the World é um jogo divertido, com um bom estilo de arte, momentos engraçados, muitas missões, e um sistema fantástico de transformações. Na nossa opinião o sistema de progresso acaba por influenciar em demasia o estilo de jogabilidade do jogador, e depois de algumas horas começa também a tornar-se algo repetitivo, mas se aprecia este género de RPG de ação em 2D, é uma das melhores opções recentes no mercado.

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07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Sistema de transformações permite grande variedade e combinações. Mundo divertido com muita imaginação.
-
Sistema de progressão acaba por limitar comportamento do jogador. Começa a tornar-se algo repetitivo.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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ANÁLISE. Escrito por Ricardo C. Esteves

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