O ano passado elogiamos a campanha de Call of Duty: Black Ops Cold War pela sua abordagem variável à história. As escolhas do jogador podiam realmente influenciar a narrativa e as missões, e considerámos isso como uma evolução à estrutura típica das campanhas de Call of Duty. Foi por isso com desilusão que percebemos que a abordagem para Vanguard era diferente, regressando a uma estrutura mais linear. Ainda assim a campanha tem naturalmente vários pontos positivos, como os excelentes valores de produção onde se incluem atores de grande capacidade, gráficos de luxo, e sequências cinemáticas de alta qualidade.
Vanguard é também um regresso à Segunda Guerra Mundial, permitindo experienciar os eventos da guerra através de quatro personagens diferentes. Irá jogar através do Norte de África, Frente Oriental, Frente Ocidental, e Pacífico, assumindo as histórias de personagens fictícias que foram inspiradas em pessoas reais. E não são umas 'pessoas quaisquer', mas os elementos que deram origem às primeiras forças especiais do mundo. Embora a abordagem mais linear tenha prejudicado a experiência da jogabilidade em si, tem a vantagem de ter permitido conhecer melhor estas personagens. Não é a história de guerra mais emotiva que já vimos, mas estivemos sempre motivados a acompanhar o percurso destes quatro soldados até ao fim.
Estas diferentes perspetivas também abrem possibilidade a uma campanha altamente variada, permitindo ao jogador participar em combates intensos a bordo de comboios, batalhas aéreas no Pacífico, e sequências furtivas com espingardas de longo alcance, entre outas situações que preferimos não referir para não estragarmos as surpresas. Ainda que seja linear em termos de estrutura, a campanha é uma fantástica experiência sensorial, apresentando grandes valores de produção em termos de situações pré-definidas, grafismo, e som. O facto da campanha apresentar animações e física melhoradas, juntamente com ambientes destrutíveis, só ajuda a reforçar essas sensações.
Pode parecer que não, mas ambientes destrutíveis acrescentam realmente imenso à experiência de jogabilidade, já que pode arrombar portas, disparar através de vedações, saltar pelas janelas, e até rebentar com algumas paredes. Isto aumenta consideravelmente as opções táticas dos jogadores sem realmente sacrificar o combate rápido pelo qual Call of Duty é conhecido. E sim, os ambientes destrutíveis aplicam-se a todos os modos de Vanguard, não apenas à campanha de história.
O modo multijogador traz também algumas novidades. Champion Hill é uma variante de jogo interessante, misturando Gunfight com alguns elementos Battle Royale, mas Patrol é sem dúvida o nosso modo favorito deste ano. Em essência é muito semelhante a Hardpoint, mas bem mais dinâmico, já que a área-alvo está sempre em movimento - está a 'patrulhar' o mapa. Além de impedir que os jogadores acampem nessas áreas, o facto da área estar sempre em movimento obriga a um ajuste constante por parte dos jogadores, e a adição de ambientes destrutíveis só vem acrescentar novas formas de alcançar essas áreas. O alvo foi para uma sala? Sem problema, rebente com a parede e abra caminho. Call of Duty: Vanguard inclui 20 mapas multijogador de raiz, e todos eles suportam o novo sistema de física e ambientes destrutíveis.
Quanto à jogabilidade base em si, é o Call of Duty que sempre conhecemos e adorámos. Os controlos são excelentes, o combate é rápido, e a sensação dos disparos é soberba, tudo isto dentro de mapas com bom ou fantástico design. Aliás, gostamos bem mais da maioria dos mapas de Vanguard do que dos mapas de Black Ops Cold War, por exemplo. Uma palavra apenas para o facto do TTK ter sido reduzido em relação ao jogo anterior, o que significa que vai matar os inimigos (e morrer) mais rápido, acelerando o ritmo geral das partidas. Aliás, agora até pode determinar o tipo de experiência que pretende. Se escolher Assault terá uma experiência Call of Duty mais clássica, com a densidade habitual de jogadores nos mapas, mas se preferir algo mais intenso e com um ritmo ainda mais elevado, pode escolher Blitz e encher os mapas com jogadores. O jogo inclui também outras opções e filtragens, o que em essência permitirá definir realmente a experiência que pretende ter.
Embora o modo multijogador esteja repleto de conteúdo, o modo zombies deixa mais a desejar, pelo menos neste seu formato de lançamento. O novo mapa está bem conseguido, e o facto de incluir destruição é sem dúvida um ponto positivo. O facto de não ser possível comprar armas, limitando os jogadores ao que podem encontrar nos inimigos e nos baús, também é uma alteração que apreciámos, já que obriga a maior variedade e adaptação por parte do jogador. Isto, claro, além de novos objetivos, melhoramentos de armas, e toda uma série de opções que pode ativar para tornar a sua experiência mais personalizada ou aleatória. Tudo isto é positivo, mas a verdade é que o modo zombies neste momento parece quase um tutorial, já que não inclui história e apenas apresenta três tipos de inimigos. Quando a primeira temporada arrancar a 2 de dezembro, será certamente diferente, mas até lá há pouco para ver ou fazer no modo zombies.
Ainda terá muito com que se entreter em Call of Duty: Vanguard, já que continua a ser um produto a rebentar de conteúdo. A campanha, embora mais linear, merece a pena ser jogada, e o modo online, sem revolucionar, apresenta excelentes mapas e modos de jogo. Tudo isto com vários melhoramentos, com destaque para os ambientes destrutíveis. É um excelente jogo no geral, mas que não evoluiu realmente a série, e em parte acreditamos que isso se deve à obrigação de ter o jogo na geração anterior. Talvez esteja na hora de deixar a PS4 e a Xbox One de parte para o próximo ano?