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Carrion

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Pela primeira vez, não temos de fugir do monstro - nós somos o monstro.

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Peço desculpa por falar por vocês, mas acho que consigo dizer com toda a segurança que já matámos a nossa quota de alienígenas ao longo dos anos. Para alguns de nós, é praticamente um part-time, através de uma seleção saudável de shooters que nos colocam a lutar contra horas de ETs até que nos sintamos satisfeitos. Carrion, no entanto, não é esse um desses jogos, mas sim o oposto. O novo jogo da Phobia Game Studio coloca-nos no papel do monstro e quer espalhar o terror e a destruição à medida que nos escondemos pelos corredores e nos alimentamos da carne dos cientistas que nos capturaram.

Carrion inspira-se em alguns dos melhores filmes do género de terror, mas há uma influência que se destaca das outras: John Carpenter's The Thing (se ainda não o viram, por favor, façam um favor a vocês próprios). Nós somos um deformado pedaço de carne...com dentes por todo o lado e tentáculos viscosos capazes de agarrar, lançar e arrastar-nos pelo chão. É nojento e eu adoro.

Esta descrição é bastante visual, mas pouco vos diz sobre como Carrion se joga. Por isso, deixem-me tornar tudo mais claro. Carrion é, na sua base, um metroidvania. Isto significa que ao longo da campanha, terão acesso a novas habilidades que vos permitem aceder a zonas anteriormente inacessíveis e enfrentar inimigos cada vez mais poderosos. É um género que retira partido dos seus cenários, mas para o jogador, isso significa que terá de revisitar os mesmos locais várias vezes à medida que aprende os caminhos labirínticos do jogo. Isto não é um ponto negativo, e nos últimos anos recebemos excelentes exemplos do género, como Axiom Verge e Shadow Complex, dois dos meus favoritos. Agora podem adicionar Carrion a essa lista.

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Carrion

Mas nem tudo é perfeito. Vamos começar pelo negativo. A minha principal queixa foca-se nos cenários, que não são muito memoráveis. O seu design dificulta um pouco a navegação. Há uma sensação de reação nos locais e vemos os resultados da nossa deslocação, com lâmpadas partidas pelos tetos, manchas de sangue e marcas das batalhas. Mesmo com estes registos visuais, acabei por perder-me nos níveis. É um pequeno pormenor que não afetou a minha experiência geral com o jogo, mas não deixa de ser ocasionalmente vago (nada como explorar um pouco mais, é certo).

As habilidades que desbloqueamos são um dos pontos fulcrais da campanha, e existe um leque variado de ataques que temos de dominar, o que às vezes tornam os controlos um pouco confusos. Com o tempo, poderão adicionar novos truques ao vosso reportório, como atirar projéteis, semelhantes a teias de aranha e que podem usar para puxar alavancas, ou a habilidade de ficarem invisíveis. Os cenários deixam pequenas pistas visuais para os desafios que iremos encontrar. Se tivermos atentos, iremos perceber estas pistas. Por exemplo, se existir um gerador por perto, temos de avançar invisíveis. Se encontrarmos uma poça de água, teremos de deixar partes da nossa massa de carne para trás e perder acesso a certas habilidades. Existem salas mais complexas, onde a progressão não é tão clara, mas são raras. O grande desafio deste jogo é a navegação.

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O design inteligente é complementado por visuais de revirar o estômago, e eu senti-me como um verdadeiro monstro à medida que adorava a carnificina que causava através das salas metálicas. O jogo apresenta uma aposta em pixel art, com muito para descobrir; já tinha mencionado os cenários interativos, mas as animações também são muito boas. Os humanos são um pouco limitados nesse campo, mas a nossa massa de carne é bastante fluída à medida que rebola, estica e arrasta-se pelos cenários, que se tornam ainda mais impressionantes quando consideramos a velocidade com que nos movemos, especialmente quando estamos no meio de uma batalha frenética com inúmeros inimigos onde existem membros, balas e destroços a voar por todos os lados.

Quando isso acontece, a maioria dos inimigos não oferece grande resistência e são rapidamente consumidos, mas quando encontramos os soldados com lança-chamas e com escudos de energia, as coisas mudam de ritmo. Carrion não é um jogo muito expansivo, mas oferece momentos desafiantes. Quando funciona e os elementos combinam entre eles, quando executam perfeitamente os ataques, deslizando pelos níveis com uma elegância horripilante, desmembrando as nossas vítimas antes de as devorarmos como hamburguers, bem...é tão satisfatório como macabro. Como podem concluir, eu gostei deste jogo, e se gostam de metroidvanias e pensam que têm um estômago forte, sugiro que experimentem Carrion.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
overall score
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