Já se passaram 13 anos desde que Crysis chegou ao PC, causando um enorme estrondo por vários motivos. O mais relevante, contudo, dizia respeito ao grafismo, e durante vários anos, Crysis foi visto como o padrão para classificar a qualidade de um PC. Esta situação até resultou na expressão "Mas pode correr o Crysis?", já que esse era - de longe - o jogo mais exigente da altura em termos de hardware. Para se ter uma noção, o jogo foi construído de forma a que fossem necessários pelos menos mais cinco anos de evolução de hardware para que surgisse o primeiro computador capaz de correr Crysis com definições Ultra a 60 frames por segundo.
Mas quando o jogámos há 13 anos, ficámos impressionados, e não apenas por causa do grafismo. A inteligência artificial dos inimigos, a liberdade do design do mapa, a física realista dos objetos, e claro, o inevitável Nanosuit, abriram caminho para uma experiência de jogo memorável, focada em extra-terrestres, forças especiais, e terrorismo norte-coreano.
Existia por isso natural curiosidade para ver como estava este Crysis Remastered, já que as mudanças - no papel - eram muitas. Esta nova versão está a correr na versão 5 do Cryengine, e inclui uma série de pormenores modernos, como Ray Tracing, mas agora que experimentámos a versão PC e a versão PS4 Pro, somos infelizmente obrigados a partilhar a nossa desilusão relativamente a este remaster.
A verdade é que a nível visual, notam-se poucas diferenças. Sim, existem vários detalhes melhores, mas são coisas tão pouco relevantes, que dificilmente reparará nas novidades a menos que esteja à procura delas. Ray Tracing, por exemplo, acrescenta alguns reflexos reais a algumas superfícies, mas ver um bidon vermelho refletido na água pouco ou não acrescenta ao jogo. Diríamos até que em alguns pormenores específicos preferimos o original, já que a versão remasterizada altera a iluminação e até as cores.
Pelo menos isto significa que os jogadores de consolas podem finalmente desfrutar de Crysis mais próximo da experiência original... até certo ponto. É que o jogo só corre a 30 frames por segundo, ao contrário dos potenciais 60 frames da versão PC original. Existe uma opção nas versões PS4 Pro e Xbox One X que permite sacrificar resolução e qualidade gráfica para o jogo correr acima dos 30 frames por segundo, mas isso é ainda pior, porque a fluidez da jogabilidade acaba por oscilar constantemente entre 40 e 50 (raramente chega aos desejados 60).
Dito isto, Crysis continua a ser um jogo divertido, mesmo depois de todos estes anos. Ao contrário de Crysis 2 e 3, que apresentaram níveis relativamente lineares, Crysis destacou-se por mapas mais abertos e livres à exploração, o que também permitia abordar os inimigos de formas muito diferentes. Os controlos funcionam bem, até com comandos, incluindo na versão PC, para quem preferir comando a jogar com rato e teclado.
Embora divertido em alguns momentos, é impossível esconder a jogabilidade datada de Crysis Remastered. Os jogos de ação na primeira pessoa foram dos que mais evoluíram nos últimos 13 anos, e isso inclui em termos de como funciona ação furtiva, sensação das armas, e comportamentos dos inimigos. Crysis pode ser um jogo difícil e frustrante, mas isso deve-se à pontaria incrível dos oponentes, que conseguem ver o protagonista deitado na relva a 200 metros, e não por causa do seu comportamento inteligente.
Acreditamos que houve muito trabalho posto nesta remasterização de Crysis, e que o jogo tem realmente um mar de melhoramentos gráficos e técnicos, mas o resultado final simplesmente não revela esse esforço. Existe aqui interesse para quem nunca o jogou e possa estar interessado, sobretudo nas consolas, mas se já tem o Crysis de PC, não nos parece que valha a pena investir nesta remasterização.