Como o Skylanders da Activision, Disney Infinity divide o seu conteúdo e as suas personagens em figuras de plástico e discos. Cada figura esconde um avatar virtual, um nível e um item de jogo. Uma vez colocado na base física de Infinity, o conteúdo da figura é transmitido para o próprio jogo. Podem mudar facilmente de personagem apenas trocando a figura na base.
O conceito mistura portanto o conteúdo normal de DLC com figuras colecionáveis. Skylanders, que tem um modelo semelhante, acabou por se tornar num enorme sucesso. Não é por isso surpreendente que a Disney, com toda a sua enorme gama de marcas, acabasse por imitar o conceito.
O Disney Infinity está a ser comercializado como uma plataforma de longo prazo, onde os projetos passados e futuros da empresa possam ser adaptados. No lançamento vão encontrar alguns êxitos recentes da Pixar e também alguns filmes, como Os Incríveis, Universidade de Monstros, Carros, Piratas das Caraíbas e o recente Cavaleiro Solitário.
O pacote inicial, que incluí a base, três figuras (Sulley, Jack Sparrow e o Sr. Incrível), um Play Set triplo e um disco de item aleatório, além do jogo em si, custa € 74,99. Com o jogo terão acesso imediato a uma série de níveis de treino para se ambientarem ao mundo e algumas aventuras genéricas desenhadas em torno de mecânicas básicas, como disparos, exploração e corridas. O jogo inclui ainda o Toy Box, um editor onde podem construir níveis com o conteúdo que vão desbloqueando. Com o Toy Box também podem misturar todos os itens e personagens.
Cada figura inclui uma pequena aventura própria, mas tanto essas, como as que já estão incluídas do jogo são bastante curtas. A maioria do conteúdo da Toy Box está escondido entre mini-jogos aleatórios, o que é uma pena, já que é ai que vão encontrar as ferramentas mais interessantes, as Creativi-Toys, essenciais para que possam construir mini-jogos de vários tipos.
O verdadeiro conteúdo já construído de raiz vem com o Play Set triplo. Aqui vão encontrar discos que, uma vez ligados à base Infinity, vão desbloquear enormes ambientes abertos, construídos em torno da marca associada, como o Cavaleiro Solitário, por exemplo. Podem adquirir mais Play Sets separadamente por € 24,99.
O conteúdo destes discos só pode ser jogado com as personagens respetivas, já que a jogabilidade foi construída em torno das suas características. Cada Play Set inclui duas personagens dessa marca.
A produtora do jogo, a Avalanche Software, sabe o que faz. É responsável pelas melhores adaptações a jogos dos filmes de animação dos últimos anos e tal como a Pixar em relação aos filmes, a Avalanche consegue produzir jogos divertidos e com profundidade.
É necessário dar crédito onde ele é merecido e o facto de terem unido o imenso elenco de personagens Disney numa experiência única e divertida, é louvável. Todas as personagens são controladas da mesma forma e ainda assim, falam, mexem-se e agem como excelentes representações das suas contrapartes dos filmes.
Essa atenção ao detalhes é visível em cada um dos Play Sets. Cada aventura desbloqueia um enorme mundo aberto repleto de missões e desafios, que só podem ser abordados por personagens desse filme em particular.
É evidente que a Avalanche aprendeu a construir mundos abertos com Toy Story 3, e isso é especialmente notório com o Play Set dos Piratas das Caraíbas. Parece uma espécie de miniatura do mundo de Assassin's Creed IV, com um enorme oceano para navegar, pirataria e ilhas exploráveis, sem nunca comprometer jogabilidade e espetáculo. Podem melhorar o vosso barco, descobrir tesouros e... dificilmente ficarão indiferentes à aparição do enorme Kraken. É impressionante. Esta aventura isolada do capitão Jack Sparrow seria suficiente para elevar os padrões deste tipo de jogos.
Enquanto as adaptações da Lego são conhecidas pelo teor engraçado e divertido, Infinity consegue isso e até um pouco mais, graças à "magia" singular da Disney. Os Incríveis inclui arenas de treino para os super-heróis, entre uma curta mas densa metrópole, cheia de robôs para partir. Em Universidade de Monstros vão assustar e pregar partidas aos estudantes rivais. A Avalanche conseguiu captar na perfeição o espírito destes três filmes tão diferentes e oferece experiências genuinamente distintas. Só isto será suficiente para vos ocupar durante algum tempo.
Embora o conceito de cada Play Set seja idêntico - missões baseadas em mundo aberto com jogabilidade variada - a qualidade oscila. Durante a análise experimentámos ainda o Cavaleiro Solitário e o Carros,vendidos em separado. O primeiro, com o ambiente no Velho Oeste, decorre em torno de assaltos a comboios, reservas de Índios e tiroteios. Tudo isto muito divertido. Já o conteúdo de Carros foi algo desapontante em comparação, embora ainda assim engraçado.
Os Play Sets são fantásticos e podem garantir horas de diversão, mas são apenas um dos pilares de Disney Infinity, e para muitos, não será sequer o mais importante.
Com o editor Toy Box vão começar com um simples quadrado de terreno. Pressionando um botão, mudam da perspetiva da personagem para a visão geral, ondem podem ver todo o cenário com uma lista dos itens desbloqueados.
Para ganharem novos itens têm de recolher pontos Infinity durante as aventuras, o que é feito com relativa facilidade. Cada ponto permite uma visita ao cofre Infinity, onde uma figura, pack ou item é selecionado aleatoriamente.
É quase como se fechassem os olhos e apanhassem uma peça de um balde cheio de Legos. É certo que nunca terão o que queriam, mas também vos abriga a trabalhar com o que têm e se calhar a experimentar coisas novas. Acaba por ser uma experiência mais recompensadora que maçuda, e vão adorar quando apanharem algo como a caverna de Aladino ou a casa de Carl em Up.
O editor funciona bastante bem, permitindo mover ambientes e cenários através de várias perspetivas. Até podem mudar de novo para a personagem e tentar um controlo mais preciso, utilizando uma varinha específica para isso.
Mas não é perfeito. A ausência de opções para fundir ambientes pode causar saliências inesperadas. Muitas formas estão presas à sua forma original, e nem sequer podem rodá-las mais do que 90 graus.
Considerando o público alvo do jogo, talvez não seja um problema relevante, mas ainda assim é aborrecido. Alguns processos deviam ser mais simples e a ausência de tutorias relevantes é uma falha considerável. Ultrapassamos todos os guias que estão disponíveis e mesmo assim existe muitas funções que desconhecemos. O que nos leva ao próximo ponto.
Existem elementos que permitem moldar a experiência em diferentes géneros, seja um jogo de plataformas com visão 2D ou um RPG com perspetiva de topo. Sabemos que o potencial é de facto massivo para o que pode ser feito no editor.
O problema é que esses elementos também estão enterrados no cofre Infinity, quando na verdade deviam ser opções desbloqueadas de início. Para piorar a situação o jogo não explicar como utilizar estas mecânicas. Quando eventualmente desbloqueamos a visão de topo, não conseguimos utilizá-la porque simplesmente não sabíamos como fazê-lo. Um pequeno tutorial teria sido agradável...
Apesar destes problemas, e outras pequenas falhas, o jogo merece ser louvado. Os controlos são fantásticos, tanto a pé, como nos veículos. Além disso parece evidente que a partir de agora, com a plataforma já instalada, a qualidade e a variedades dos Play Sets futuros deve melhorar progressivamente. Considerando a quantidade de marcas debaixo da Disney, mal podemos esperar para jogarmos com super-heróis conhecidos ou em Galáxias Muito Distantes.
A AValanche Software voltou a mostrar a sua qualidade. É verdade que continuar a coleção não vai ser barato, mas o conteúdo incluindo no Starter Pack é suficiente para vos manter no jogo durante algum tempo. E considerando que a jogabilidade é boa, independentemente do mundo que estão a jogar, até os pequenos problemas da Toy Box serão desculpados com o tempo.