Far Cry 6 - Primeiras Impressões

Permitam-nos ser bastante claros: Por aqui acreditamos que a série Far Cry tem estado numa trajetória descendente desde o lançamento de Far Cry 3. Sim, ainda nos divertimos com Far Cry 4 e 5, mais as respetivas expansões e os títulos intermediários, mas sobretudo porque os pilares da jogabilidade e da estrutura de jogo são muito bons. Vaas Montenegro, o excelente vilão desperdiçado em Far Cry 3, avisou-nos do que iria acontecer quando se referiu à definição de insanidade: "repetir a mesma ação esperando resultados diferentes". É um pouco como nos sentimos com Far Cry, mas depois de termos visto Far Cry 6 em ação, e de termos gostado... bem, considerem-nos insanos, porque vamos lá estar de certeza em outubro a repetir a mesma ação, que será jogar Far Cry 6.

Em parte isso deve-se ao facto da série estar cada vez mais confortável com o seu verdadeiro propósito, que é de apresentar um mundo de loucos que possa servir como recreio pessoal dos jogadores. Isso nota-se, por exemplo, nas novas armas que poderão encontrar, como a disparadora automática de pregos, ou a arma de CDs que toca a Macarena. Até existe o que só pode ser descrito como um lançador de fogo-de-artifício, embora a estrela desta demonstração tenha sido o Supremo Backpack. Não, não é uma mochila gigante para guardar as dezenas de plantas e peles do costume que vai precisar para construir equipamento, mas antes o que pode ser descrito como um Ataque Derradeiro. Dependendo de como irão jogar ou evoluir a personagem, esse ataque pode jorrar chamas para o chão, ou invocar uma artilharia de mísseis, entre outras maluquices explosivas.

E já referimos que existem tanques inimigos de que podem assumir controlo?

Em termos de ambiente, Far Cry 3 talvez seja a referência mais óbvia, misturando florestas exóticas com civilizações urbanas decadentes. Até existe um boneco cabeçudo de Vaas num dos carros, para que seja perfeitamente clara a principal inspiração do jogo. Vegetação densa com raios de sol a escaparem entre as folhas, e cascatas gigantescas, são alguns dos cenários que vimos neste mundo aberto vibrante, intercalado com algumas bases acima e debaixo do solo. Para alcançar estes locais terão à vossa disposição vários tipos de veículos, e até cavalos, mas se passarem a vida a conduzir de um lado para o outro, vão perder a oportunidade de observar o comportamento dinâmico das personagens. A interação entre a inteligência artificial, e a forma como combatem entre si, sempre foi um dos pontos fortes de Far Cry, originando algumas situações inesperadas e hilariantes, e Far Cry 6 não será exceção.

E é precisamente o facto de não ser uma exceção que nos deixa com algum receio em relação a Far Cry 6. Pelo que vimos parece-nos evidente que a Ubisoft optou, mais uma vez, por repetir a fórmula dos últimos jogos, mudando apenas a temática e o cenário, acrescentando mais armas, veículos, e 'brinquedos' à equação. Existem mais animais - incluindo novas oportunidades de mascotes -, um sistema de equipamento para personalizar a personagem (feminina ou masculina), e aparentemente muito conteúdo. Mais uma vez é óbvio que a Ubisoft despejou quantidade no seu jogo... o que nos leva a temer um pouco pela sua qualidade.

Parece-nos claro que Far Cry 6 não vai reinventar a fórmula, longe disso, mas se isso nos deixa ligeiramente apreensivos, a verdade é que também parece ser demasiado divertido para ignorar. Sabemos que algumas das queixas de Far Cry 5 foram abordadas pela Ubisoft, e que este novo jogo terá um mundo mais chamativo à exploração - sem ser interrompido a cada 10 segundos por uma patrulha de inimigos. Depois, claro, existe a história de resistência, com o fantástico Giancarlo Esposito no papel do antagonista Antón Castillo. O que vimos não aponta para mudanças muito profundas, mas isso não significa que não estejamos ansiosos para regressar a Far Cry para causar ainda mais caos.