Já no fim de ciclo da PlayStation 2 chegou um dos seus melhores RPG, Final Fantasy XII, um jogo que explorou as capacidades da consola ao máximo, e que foi agora ressuscitado pela Square Enix para a PS4. Embora elogiado de forma geral, vários fãs apontaram defeitos específicos a Final Fantasy XII, desde o combate estilo MMO em tempo real, ao complexo sistema de habilidades. Mais tarde foi lançada uma nova versão, a International Zodiac Job System, mas apenas no Japão. Nesta versão as licenças relacionadas com habilidades foram elevadas para doze (uma por signo), tornou-se possível controlar novas personagens, e foi acrescentado um novo modo de desafios com 100 batalhas. Todas estas novidades estão presentes nesta nova versão de Final Fantasy XII.
Esta aventura épica tem lugar em Ivalice, um mundo exótico de magia e ficção científica, que mistura espadas, naves espaciais, e feitiços poderosos. A região está presa num confronto entre os impérios de Arcadia e Rozaria, e quem está a pagar a fatura são os países menores de Ivalice. Isso é particularmente evidente no estado de Dalmasca onde reside o nosso herói principal, Vaan. Este 'pirata' das ruas sonha um dia tornar-se num verdadeiro pirata dos ares, algo que se torna mais plausível depois de conhecer Balthier, ele sim, um pirata reconhecido. Juntamente com Penelo, amiga de infância, Fran, companheira de Balthier, e o guerreiro Basch, Vaan parte numa missão para resgatar a princesa de Dalmasca, Ashe.
Este é o fio condutor de uma aventura épica, que engloba muito mais do que este objetivo central. Final Fantasy XII é um dos jogos mais abertos da saga, juntando várias áreas completamente livres num mundo massivo. Embora o mapa completo esteja dividido em áreas menores, o tempo de espera entre a mudança de área foi bastante reduzido em comparação com a versão PS2. Enquanto exploram estas áreas podem encontrar vários cristais azuis, que não só permitem salvar o jogo (também salva sempre que mudam de área), como renovam a saúde e a energia das personagens. Menos frequentes são os cristais laranja, que podem ser usados como pontos de viagem rápida desde que tenham uma pedra de teletransporte. Enquanto exploram este mundo vão controlar apenas uma personagem, mas todos os membros da equipa estarão presentes no ecrã, ao contrário do que é habitual em Final Fantasy (normalmente só se vê a personagem controlada).
Os inimigos estão também visíveis no ecrã, e o combate decorre onde estão e em tempo real, dispensando a tradicional passagem para um ecrã de combate. Isto também significa que podem facilmente evitar batalhas, caso o desejem. Sempre que derrubam um inimigo vão receber pontos de experiência, que permitem evoluir as personagens através dos seus respetivos papéis. Embora o combate funcione em tempo real, ainda têm de selecionar as ações a partir de um menu, nomeadamente ataque físico, magia, técnicas, ou a utilização de itens. Cada ação tem um 'tempo de preparação', visível numa barra junto à saúde. Como o combate decorre em tempo real, é bastante difícil controlar as três personagens que vos acompanham nas batalhas, mas podem definir várias rotinas para a inteligência artificial.
Este sistema para a IA, intitulado de "Gambit System", permite definir papéis específicos para as personagens. Uma pode ficar encarregue de segurar a atenção dos inimigos, outra pode especializar-se em dano, e a terceira pode ficar atenta à saúde e resistências dos seus companheiros, por exemplo.
Os papéis das personagens são definidos pelo sistema de "Jobs", e à medida que ganham pontos para as personagens, podem evoluí-las através das licenças. Isto não define apenas o tipo de habilidades a quem têm acesso, mas também o tipo de armaduras e armas que podem equipar. Fica no entanto um aviso. Final Fantasy XII tem muitos objetivos adicionais, e o jogo supõe que irão cumprir alguns destes objetivos e matar vários inimigos. Se seguirem apenas a estória podem ter problemas para lidar com os oponentes mais poderosos, já que as personagens não irão evoluir como deveriam. Um pormenor curioso desta versão é a introdução de um modo de velocidade 4 vezes superior ao original, ideal para momentos em que o objetivo é matar inimigos repetidamente para ganhar mais força.
Tratando-se de um Final Fantasy, as personagens terão também acesso a "Quickenings" e "Summons", ações especiais que requerem um tempo maior de recarregamento. Estes Quickenings pausam a ação, e se outra personagem tiver o seu Quickening disponível, podem usá-los em conjunto, causando grandes quantidades de dano ao inimigo. Os Summons permitem invocar enormes criaturas mágicas, que substituem o grupo (à exceção da personagem que invocou a criatura). Estas criaturas são particularmente poderosas, mas a sua presença nas batalhas é limitada, e desaparecem se forem vencidos - devem guardá-los para os combates mais difíceis.
Como referimos em cima, existe muito para fazer em Ivalice que vai além da estória principal. Uma das principais atividades é a caça, e cada região tem monstros específicos para caçarem. Até podem pertencer a um clube especial de caçadores e cumprir pedidos especiais de caça. O ato de procurar e eliminar o alvo é divertido, mas a estrutura podia ser melhor. Para começarem uma missão de caça têm de visitar um cartaz específico, e depois disso têm de procurar a pessoa que colocou a missão no cartaz. De seguida devem encontrar e eliminar o alvo, e depois terão de regressar à pessoa que vos contratou. Não é tão imediato quanto deveria, mas pelo menos existe um menu específico de caça que é bastante útil, e até inclui a localização de cada alvo. Algumas missões requerem parâmetros especiais, com criaturas que só aparecem se tiverem uma personagem feminina na equipa, ou se estiver a chover intensamente, por exemplo.
Para um jogo que tem 10 anos, lançado na PS2, Final Fantasy XII consegue ainda manter um aspeto bastante bom. Até as sequências de vídeo, espetaculares na altura, são ainda impressionantes hoje em dia. O grafismo foi afinado nesta versão de alta definição, com uma resolução superior, e menus e textos a corresponder. A nossa única queixa neste campo prende-se com a sincronização deficiente entre as vozes e os lábios das personagens. Não é nada de significativo, mas pode quebrar ligeiramente a imersão durante as sequências de estória. Nota também para a fantástica banda sonora, um campo que é quase sempre de topo em Final Fantasy.
A Square Enix fez um bom trabalho em remasterizar um jogo fantástico, e o atrativo de incluir as novidades japonesas que nunca foram lançadas na Europa, é um extra bem-vindo. Se podia ser uma remasterização superior? Sim, podia, mas Final Fantasy XII: The Zodiac Age é ainda assim um excelente RPG japonês, que se mantém divertido mesmo depois de todos estes anos, e deve ser considerado por todos os fãs do estilo japonês do género.