Friday the 13th: The Game é um projeto de amor. Foi produzido pelo diretor do primeiro filme, inclui a banda sonora do compositor original, e foi suportado pelo dinheiro de inúmeros fãs via Kickstarter. Restava saber se tudo isso seria suficiente para fazer um bom jogo, um jogo à altura do legado de Jason Vorhees, e felizmente a resposta é afirmativa.
O jogo consegue transportar tudo o que os fãs adoraram na série de filmes de Sexta-Feira 13 para o jogo, tornado essa premissa numa conceito multijogador assimétrico. A base resume-se a Jason Vorhees, que pretende assassinar tantos conselheiros de Crytal Lake quanto possível. Um jogador assume o papel do assassino, enquanto que os restantes jogam com as potenciais vítimas, até um máximo de sete jogadores. No Verão está previsto o lançamento de um modo a solo, uma campanha, mas para já toda a experiência de jogo é direcionada para o multijogador.
Nos filmes, Jason é estupidamente poderoso, e isso é também verdade no jogo. Ele é praticamente impossível de matar, logo não é uma questão de tentar lutar como grupo contra Jason. O objetivo dos jogadores que assumem os conselheiros é o de tentar sobreviver à noite, que em tempo de jogo se traduz em partidas de 20 minutos. Podem tentar sobreviver todo esse tempo, ou tentar escapar, e de uma forma ou outra, vão receber pontos de experiência. Jason, por outro lado, será recompensado pelo número de vítimas que matou, e pela forma como as matou. É uma estrutura que, em vez de tornar Friday the 13th num jogo competitivo, oferece uma espécie de recreio aos jogadores.
Como já referimos, Jason é bastante poderoso, e para o matar terão de cumprir uma série de fatores. Uma das personagens femininas terá de vestir a roupa da mão de Jason, para o deixar emocional, e também vão precisar de Tommy Jarvis, que é o sobrevivente mais poderoso. Se o conseguirem chamar, um dos jogadores que morreu ou escapou vai assumir o seu controlo. Mesmo que cumpram estes requisitos, será muito difícil matar Jason.
Será bem mais fácil tentar escapar ou sobreviver, e se optarem pela primeira opção, terão de procurar por gasolina, chaves, e bateria para um dos dois carros no mapa. Um carro é de dois lugares, e outro é de cinco, o que significa que podem salvar alguns amigos e outros sobreviventes - mas terão de o fazer de forma coordenada. Mesmo que apanhem todos os itens, e consigam por o carro a funcionar, Jason ainda pode travá-lo com um golpe duro. O carro pode voltar a arrancar, mas é mais provável que Jason vos tire do veículo. Existe ainda a opção do barco, que embora mais difícil de concretizar, é mais seguro depois de o colocarem a funcionar.
É uma premissa de jogo do rato e do gato, mas há muito a considerar. Como conselheiros terão de ponderar o nível da vossa energia, tentar controlar o medo, evita barulhos, e claro, a atenção de Jason. Existem 10 conselheiros, e cada um tem as suas características individuais de cada atributo. À medida que evoluem no jogo, podem desbloquear variações dos conselheiros e até do próprio Jason, com novas vantagens para explorarem, mas sempre com um preço. Uma personagem pode ser excelente a detetar armadilhas, mas em nome de equilíbrio, será mais lenta, e assim por diante.
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Independentemente da diferença das estatísticas, nunca serão realmente poderosos, pelo menos ao nível de Jason. Isso ajuda a aumentar o suspense e a atmosfera durante as partidas online. Sempre que ouvimos o sons que Jason faz, implicando que está próximo, não é apenas o medo da personagem que aumenta - o nosso sobe de forma correspondente. Como conselheiros vão sentir-se fracos, vulneráveis, e isso é uma sensação poderosa num jogo online.
Vão querer evitar a morte a todo o custo, em particular porque a morte prematura é bastante frustrante. Basicamente têm de assistir ao restante da partida até que um dos lados vença, e se decidirem sair mais cedo, vão perder os pontos de experiência. Podem ver a partida através da perspetiva de qualquer personagem viva, e podem conversar com quem já morreu, mas não deixa de ser aborrecido morrer no início da partida.
Jogar como conselheiro pode ser assustador, mas muitos querem mesmo é controlar Jason. Não esperem, contudo, que isso aconteça muitas vezes. Embora possam escolher a preferência de quem pretendem controlar, a eleição é feita de forma aleatória, o que significa que têm bem mais hipóteses de assumirem o controlo de um conselheiro do que de Jason. Pela parte que nos toca, gostámos de jogar nos dois lados, e em termos de multijogador assimétrico, Friday the 13th é uma das melhores opções disponíveis.
Quando finalmente conseguirem controlar Jason, vão sentir-se muito mais poderosos, mas conseguir eliminar todos os adversários em 20 minutos é complicado. Jason tem muitas opções ao seu dispor, incluindo a capacidade para se teletransportar, e sentidos apurados. O seu maior problema é que é lento, o que o obriga a tentar surpreendente os adversários. Jason tem muitas formas de eliminar as suas vítimas, e se são fãs dos filmes, vão reconhecer várias das mortes disponíveis. O jogo é também mais violento que a maioria dos filmes, o que serão boas notícias para os fãs.
É um tipo de violência, contudo, que é tão exagerada que chega a ser engraçada. Um pouco como Mortal Kombat, com sequências tão violentas, que é mais provável que larguem um sorriso do que ficarem de certa forma afetados.
Existem três mapas no jogo, todos baseados numa localizações diferente dos filmes - Camp Crystal Lake, Packanack Lodge, e Higgins Haven. São escassos, mas os três mapas foram recriados com grande detalhes, desde as vestimentas e os itens dos anos 80, à iluminação e ao nevoeiro. Um efeito granulado também acrescenta um estilo visual que aproxima o jogo do efeito original dos filmes. Cada localização tem um mapa que podem encontrar, e que oferece uma perspetiva de todos os objetivos opcionais, e indica o progresso de toda a equipa - se os carros têm gasolina, se chamaram a polícia, e outros objetivos semelhantes. Como tudo muda de sítio e contexto, o mapa é sempre diferente, e sempre útil. Embora o ambiente seja fantástico e detalhado, Friday the 13th não é nenhum portento técnico, e em alguns elementos fica abaixo dos jogos de topo.
A jogabilidade no geral é boa, mas os controlos podem demorar a responder durante algumas ações, como fechar uma porta ou uma janela. As animações também não são tão fluídas como desejaríamos, mas não incomodaram por aí além. De referir que, na nossa opinião, é importante que a Illfonic acrescente comunicação por texto. Idealmente, todos os jogaores teriam headset, já que o jogo suporta comunicação por voz, mas se não for o caso, não vão conseguir comunicar com os vossos colegas. Mais uma vez, esperemos que seja algo a resolver brevemente.
O maior problema do jogo prende-se com os servidores, que estão a dar várias dores de cabeça ao estúdio e aos jogadores. Pessoalmente, não tivemos problemas dignos de registo, mas muitos jogadores já se queixaram, e a própria Illfonic já admitiu estes problemas de servidores. Por isto tudo, talvez seja melhor esperar pelo Verão. Não só estará já a campanha disponível, como também é provável que a maior parte dos problemas mais graves tenham sido resolvidos. Nessa condição, e sobretudo se forem fãs de Sexta-Feira 13, vão encontrar aqui muitos motivos para sorrir.