O aglomerado espacial de Halcyon e as suas várias colónias estão a passar por dificuldades. Fações compostas por alguns dos melhores indivíduos que a Terra tem para mostrar entraram em conflito, seja para controlarem Halcyon, ou para conquistarem uma vida melhor. The Outer Worlds apresenta um universo mergulhado em caos, e cabe a um colonista sair da sua cápsula de hibernação para salvar os mundos. Ou não, tudo depende de si.
Esta é a premissa de The Outer Worlds um novo RPG na primeira pessoa da Obsidian Entertainment, criadores de Fallout: New Vegas e Pillars of Eternity. É um RPG divertido, com uma história empolgante moldada pelas ações e decisões do jogador.
A personagem do jogador devia ter acordado da sua cápsula há bastante tempo, juntamente com outros colónos, mas a sua nave - Hope - ficou perdida no espaço. É só quando o excêntrico Doutor Phineas Wells decide procurar e libertar o jogador que esta aventura começa. A partir daqui pode criar a sua personagem, não só a nível cosmético, mas também prático, com um bom controlo sobre as suas capacidades e atributos. Um pormenor curioso é que Wells irá comentar as escolhas do jogador, referindo-se ao facto da personagem não ser a mais brilhante caso decida tirar inteligência para ganhar força, por exemplo. Este tom divertido e atrevido dá o mote para o resto da aventura.
Conforme evolui a personagem irá ganhar pontos para distribuir nos atributos, mas também perks, que são vantagens ou efeitos especiais. Estes perks permitem aumentar a quantidade de armadura que recebe com o equipamento, o peso que consegue carregar, e a eficácia das suas capacidades, entre outros factores semelhantes. The Outer Worlds inclui também um sistema chamado Tactical Time Dilation, que permite abrandar o tempo para alinhar disparos certeiros.
Durante o jogo irá encontrar vários itens, consumíveis, e armaduras, que alteram de alguma forma os seus atributos. Decidimos guardar uns quantos no nosso inventário, já que nunca se sabe quando mais vale equipar uma peça que melhore hacking, ou a capacidade para abrir fechaduras. Como acontece com Fallout, estas áreas não são obrigatórias, mas nunca sabe o que pode perder se deixar uma porta fechada para trás.
Para estas e outras funções, podem dar jeito os vários companheiros que vai encontrar durante a narrativa. Desde mecânicos altamente especializados em tecnologia, a mercenários intimidantes, existem várias personagens que pode conhecer e recrutar para o seu lado. Cada um destes com companheiros tem uma habilidade especial, que pode ativar manualmente, e que podem fazer toda a diferença no contexto certo, como em batalhas mais complicadas, por exemplo. Tal como o protagonista, os companheiros também podem evoluir, e existem atributos do jogador que influenciam diretamente estas personagens, como reduzir o tempo de espera entre cada utilização das suas habilidades, por exemplo.
Há muito de The Outer Worlds que nos lembrou de Fallout: New Vegas, desde o design das missões, à estrutura que permite alterar ou completar objetivos de várias formas, seja com exploração ou diálogos, por exemplo. É também um jogo muito rico em humor, com personagens excêntricas, alguns momentos absurdos, e diálogos de boa qualidade. Um verdadeiro sucessor espiritual para New Vegas.
The Outer Worlds é também um verdadeiro RPG, que permite ao jogador criar a sua própria aventura com poucos limites à sua frente. Desde a forma como pode moldar a personalidade do protagonista, ao números de fações e personagens que pode auxiliar ou antagonizar, a escolha será sua de como irá interagir com este mundo. Já falámos em cima do design das missões, mas é preciso reforçar que a Obsidian trouxe realmente o seu lado criativo para The Outer Worlds, com vários momentos memoráveis. É um jogo que se adapta a vários fatores, e até uma missão falhada não significa necessariamente o fim, já que a aventura normalmente responde também a essa situação e continua.
Isto, infelizmente, revelou outro problema que também era comum a Fallout: New Vegas - bugs. Uma das missões que falhámos não foi reconhecida pelas personagens, que nos trataram como se tivéssemos tido sucesso, e até continuaram a oferecer as missões seguintes. Só que em vez de ficarem disponíveis para tentarmos, estas missões foi diretamente para a categoria de missões falhadas.
Este e outros problemas menores à parte, divertimos-nos imenso com The Outer Worlds e o aglomerado de Halcyion. É um universo muito diverso, com vários segredos para descobrir, personagens para conhecer, e missões para tentar resolver. A isto junta-se um excelente sistema RPG, uma jogabilidade muito sólida na primeira pessoa, e um guião divertido, para ter os ingredientes de um dos melhores jogos do género em 2019.